Certolizumab pegol en artritis reumatoidea severa. Evidencia de la vida real en una cohorte Argentina: logro de objetivos (t2t) a 3 meses y factores predictivos.
Garcia Salinas R, Magri S, Ruta A. Certolizumab pegol en artritis reumatoidea severa. Evidencia de la vida real en una cohorte argentina: Logro de objetivos (T2T) a 3 meses y factores predictivos. Global Rheumatology. Vol 5/ Ene - Jun [2024]. Available from: https://doi.org/10.46856/grp.10.e182
Licença
Certolizumab pegol en artritis reumatoidea severa. Evidencia de la vida real en una cohorte Argentina: logro de objetivos (t2t) a 3 meses y factores predictivos.
Introdução: Certolizumabe pegol (CTZ) é um agente biológico inibidor do TNF-alfa, que demonstrou eficácia no controle da artrite reumatoide (AR). A identificação de fatores preditivos para o sucesso do tratamento e a avaliação de sua eficácia em um contexto de prática clínica real são cruciais para a tomada de decisões.
Objetivo: Avaliar a resposta ao CTZ em pacientes com AR em uma coorte da vida real, medindo a redução no DAS 28, HAQ, frequência de remissão e baixa atividade da doença (LDA) aos três meses, identificar fatores preditivos e avaliar a redução no uso de corticosteroides.
Métodos: Estudo observacional prospectivo que incluiu pacientes com mais de 18 anos com AR, que iniciaram CTZ e tiveram seguimento aos três meses. Foram registrados dados demográficos, clínicos, comorbidades, tratamentos e atividade da doença.
Resultados: De 2092 pacientes com AR tratados com CTZ entre 2016 e 2021, 90% apresentavam mau prognóstico e 60% alta atividade. De 1673 pacientes acompanhados aos três meses, observou-se redução no DAS 28 (-1,9) e no HAQ (-0,63). Aos três meses, 10,5% alcançaram remissão e 40% apresentaram baixa atividade da doença (LDA). Fatores preditivos para remissão incluíram idade (OR: 0,97) e DAS 28 (OR: 0,58); para LDA, idade (OR: 0,97), DAS 28 (OR: 0,61), CTZ em primeira linha (OR: 1,6) e HAQ (OR: 0,61). Além disso, houve redução no uso de glicocorticoides (-3,1 mg de prednisona).
Conclusões: CTZ é eficaz na AR, destacando-se a seleção dos pacientes e o enfoque precoce no tratamento. Este estudo apoia a eficácia do CTZ.
A Artrite Reumatoide (AR) é uma doença autoimune que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, caracterizada pela inflamação crônica das articulações, o que pode levar a danos articulares e incapacidade. O tratamento da AR tem se beneficiado enormemente dos avanços em terapias biológicas, sendo os anti-TNF os medicamentos mais utilizados diante da falha aos DMARDs na AR (1,2).
O certolizumabe pegol (CTZ) atua como um inibidor do fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), reduzindo a inflamação e os sintomas associados. Seu principal ingrediente ativo é um anticorpo monoclonal humanizado. O termo "pegol" no nome refere-se ao fato de que o medicamento foi modificado quimicamente com polietilenoglicol (PEG) para aumentar sua duração no organismo e reduzir a frequência de administração (3).
O certolizumabe pegol tem sido objeto de vários estudos clínicos no tratamento da Artrite Reumatoide (AR) com o objetivo de avaliar sua eficácia e segurança. O estudo RAPID (entre outros) avaliou a eficácia em pacientes com AR ativa que não responderam adequadamente a terapias prévias. Os resultados demonstraram que o CTZ melhorou significativamente os sintomas da AR e a função articular em comparação com o placebo, estabelecendo o conceito de “previsibilidade”, que se refere ao fato de que, se a resposta ocorrer nos primeiros 3 meses, ela provavelmente persistirá ao longo do tempo, conceito este alinhado aos objetivos do T2T (remissão e baixa atividade da doença) (4–6).
O objetivo deste estudo foi estimar a redução do DAS 28 e do HAQ, bem como a frequência de remissão e baixa atividade da doença aos 3 meses, em uma coorte de vida real de pacientes com AR que iniciaram tratamento com CTZ, além de analisar os fatores preditivos na linha de base para alcançar esses objetivos. Adicionalmente, avaliar a redução do uso de corticoides no mesmo período.
Estudo observacional prospectivo de prática em vida real, no qual foram incluídos pacientes consecutivos com ≥18 anos com AR segundo os critérios classificatórios ACR/EULAR 2010 (7), que iniciaram tratamento com Certolizumabe e realizaram uma visita de acompanhamento aos 3 meses. Os dados foram coletados no registro BIOARSITE.
O registro BIOARSITE é uma base de dados prospectiva que compila informações de pacientes que iniciam tratamento com Certolizumabe pegol em condições de vida real. Nele foram registrados dados sociodemográficos, clínicos, comorbidades, tratamentos prévios e atuais, além da dose atual de glucocorticoides (GCO-prednisona). A atividade da doença foi avaliada por meio do DAS28, HAQ e dose de GCO no início do estudo e aos três meses (8,9).
Análise estatística:
Utilizaram-se estatísticas descritivas para resumir as características dos pacientes. Variáveis contínuas foram expressas como medianas e intervalos interquartis (IQR) ou médias e desvios-padrão (DP), e variáveis categóricas como percentuais. As comparações foram feitas com testes paramétricos e não paramétricos: teste Qui-quadrado ou teste exato de Fisher, teste T, Mann Whitney, ANOVA ou Kruskal-Wallis, conforme a natureza das variáveis. Os fatores preditivos para a obtenção de remissão e LDA aos três meses foram analisados por regressão logística binária.
Este estudo observacional foi aprovado pelos comitês de ética institucionais de cada centro e conduzido de acordo com as normas vigentes: Declaração de Helsinque, resolução 1480/11 do Conselho de Saúde local, Ministério e normativas locais aplicáveis a este tipo de estudo. A confidencialidade dos pacientes foi respeitada conforme a legislação local, e foi obtido consentimento para publicação.
Foram recrutados 2.092 pacientes com AR que iniciaram tratamento com CTZ entre 2016 e 2021; 90% apresentavam fatores de mau prognóstico e 60% tinham alta atividade da doença (ver tabela 1).
Um total de 1.673 pacientes realizou uma visita de acompanhamento aos 3 meses. A redução do DAS 28 foi de -1,9 (3,8-5,7, p 0,001) e a do HAQ foi de -0,63 (1,17-1,8, p 0,001) (figura 1). Aos 3 meses, 10,5% (IC95%: 9-12) atingiram remissão e 40% (IC95%: 38-42) apresentaram baixa atividade da doença (LDA) (ver figura 2).
Na análise multivariada, os fatores preditivos na linha de base para alcançar remissão foram: idade (OR: 0,97 IC95%: 0,96-0,99 p: 0,04) e DAS 28 (OR: 0,58 IC95%: 0,45-0,54 p: <0,001). Para LDA, os fatores preditivos foram: idade (OR: 0,97 IC95%: 0,96-0,99 p: 0,01), DAS 28 (OR: 0,61 IC95%: 0,49-0,76 p: <0,001), CTZ como primeira linha (OR: 1,6 IC95%: 1,1-2,4 p: 0,03) e HAQ (OR: 0,61 IC95%: 0,44-0,84). A redução do uso de glucocorticoides aos 3 meses foi de -3,1 mg de prednisona (5,4-8,5 p 0,001) (ver figura 3).
Este estudo prospectivo em pacientes com Artrite Reumatoide (AR) tratados com Certolizumabe (CTZ) fornece informações valiosas sobre os fatores preditivos de resposta terapêutica aos três meses de acompanhamento. Os resultados indicam que uma porcentagem significativa de pacientes apresentou melhorias substanciais na atividade da doença e na funcionalidade articular após o início do tratamento com CTZ, mesmo na presença de fatores de mau prognóstico e falha a outros tratamentos. Esses achados são consistentes com pesquisas anteriores que demonstram a resposta rápida do CTZ, sendo essa resposta capaz de prever sua persistência ao longo do tempo (predictibilidade) (4–6,10,11).
A resposta nos primeiros três meses é crucial, já que estudos pragmáticos baseados na estratégia Treat to Target (T2T) demonstraram que a resposta clínica nesse período também está associada a melhorias a longo prazo na capacidade funcional, avaliada pelo HAQ, e menor progressão radiográfica (12–14).
Um dos achados chave deste estudo é que a idade e a atividade da doença no início do tratamento são fatores preditivos importantes para alcançar a remissão e baixa atividade da doença. Isso sugere que pacientes mais jovens e aqueles com doença menos ativa no início podem ter maior probabilidade de responder positivamente ao CTZ. Além disso, o uso do CTZ como tratamento de primeira linha e a melhora na funcionalidade articular, avaliada pelo índice HAQ, também se associaram a maior probabilidade de alcançar baixa atividade da doença. Isso indica que a população estudada apresenta melhor prognóstico e menor uso prévio de drogas biológicas (15,16).
É importante destacar que, além dos fatores mencionados, outros aspectos clínicos e demográficos podem influenciar a resposta ao tratamento com CTZ. Portanto, é essencial considerar uma avaliação integral dos pacientes antes de decidir a terapia mais adequada (17).
A rápida redução de corticosteroides também é um fator relevante, visto que os efeitos adversos desses medicamentos são amplamente conhecidos e, geralmente, seu uso está associado a maior frequência de infecções graves e oportunistas (18,19).
Este estudo apresenta limitações, incluindo seu desenho observacional e a ausência de um grupo controle, o que pode enviesar os resultados. Contudo, os achados sugerem a importância de uma avaliação cuidadosa da idade, da atividade da doença e da funcionalidade articular na seleção dos pacientes candidatos ao tratamento com CTZ na AR.
Em conclusão, o uso de CTZ em nossa coorte de pacientes com AR e fatores de mau prognóstico demonstrou uma redução significativa e rápida (3 meses) da atividade da doença e melhora no HAQ. Os fatores preditivos no início do tratamento para remissão e baixa atividade da doença foram atividade baixa no início, idade menor, menor HAQ e o uso de CTZ como primeira linha. O CTZ demonstrou uma rápida redução no uso de corticosteroides.
1. Aletaha D, Smolen JS. Diagnosis and Management of Rheumatoid Arthritis. JAMA. 2018 Oct 2;320(13).
2. Smolen JS, Landewé RBM, Bergstra SA, Kerschbaumer A, Sepriano A, Aletaha D, et al. EULAR recommendations for the management of rheumatoid arthritis with synthetic and biological disease-modifying antirheumatic drugs: 2022 update. Ann Rheum Dis. 2022 Nov 10;
3. Radner H, Aletaha D. Anti-TNF in rheumatoid arthritis: an overview. Wien Med Wochenschr. 2015 Jan;165(1–2):3–9.
4. Keystone E, Landewé R, van Vollenhoven R, Combe B, Strand V, Mease P, et al. Long-term safety and efficacy of certolizumab pegol in combination with methotrexate in the treatment of rheumatoid arthritis: 5-year results from the RAPID 1 trial and open-label extension. Ann Rheum Dis. 2014 Dec;73(12):2094–100.
5. Smolen J, Landewé RB, Mease P, Brzezicki J, Mason D, Luijtens K, et al. Efficacy and safety of certolizumab pegol plus methotrexate in active rheumatoid arthritis: the RAPID 2 study. A randomised controlled trial. Ann Rheum Dis. 2009 Jun;68(6):797–804.
6. Fleischmann R, Vencovsky J, van Vollenhoven RF, Borenstein D, Box J, Coteur G, et al. Efficacy and safety of certolizumab pegol monotherapy every 4 weeks in patients with rheumatoid arthritis failing previous disease-modifying antirheumatic therapy: the FAST4WARD study. Ann Rheum Dis. 2009 Jun 1;68(6):805–11.
7. Aletaha D, Neogi T, Silman AJ, Funovits J, Felson DT, Bingham CO, et al. 2010 Rheumatoid arthritis classification criteria: An American College of Rheumatology/European League Against Rheumatism collaborative initiative. Arthritis and Rheumatism. 2010.
8. van Riel PLCM, Renskers L. The Disease Activity Score (DAS) and the Disease Activity Score using 28 joint counts (DAS28) in the management of rheumatoid arthritis. Clin Exp Rheumatol. 2016;34(5 Suppl 101):S40–4.
9. Citera G, Arriola MS, Maldonado-Cocco JA, Rosemffet MG, Sánchez MM, Goñi MA, et al. Validation and crosscultural adaptation of an Argentine Spanish version of the Health Assessment Questionnaire disability index. Journal of Clinical Rheumatology. 2004;
10. Weinblatt ME, Fleischmann R, van Vollenhoven RF, Emery P, Huizinga TWJ, Cutolo M, et al. Twenty-eight-week results from the REALISTIC phase IIIb randomized trial: efficacy, safety and predictability of response to certolizumab pegol in a diverse rheumatoid arthritis population. Arthritis Res Ther. 2015 Nov 15;17:325.
11. Sarzi-Puttini P, Filippucci E, Adami S, Meroni PL, Batticciotto A, Idolazzi L, et al. Clinical, Ultrasound, and Predictability Outcomes Following Certolizumab Pegol Treatment (with Methotrexate) in Patients with Moderate-to-Severe Rheumatoid Arthritis: 52-Week Results from the CZP-SPEED Study. Adv Ther. 2018 Aug;35(8):1153–68.
12. Aletaha D, Funovits J, Keystone EC, Smolen JS. Disease activity early in the course of treatment predicts response to therapy after one year in rheumatoid arthritis patients. Arthritis Rheum. 2007 Oct;56(10):3226–35.
13. Vermeer M, Kuper HH, Bernelot Moens HJ, Hoekstra M, Posthumus MD, van Riel PLCM, et al. Adherence to a treat-to-target strategy in early rheumatoid arthritis: results of the DREAM remission induction cohort. Arthritis Res Ther. 2012 Nov 23;14(6):R254.
14. Vermeer M, Kuper HH, Moens HJB, Drossaers-Bakker KW, van der Bijl AE, van Riel PLCM, et al. Sustained beneficial effects of a protocolized treat-to-target strategy in very early rheumatoid arthritis: three-year results of the Dutch Rheumatoid Arthritis Monitoring remission induction cohort. Arthritis Care Res (Hoboken). 2013 Aug;65(8):1219–26.
15. Saraux A, Flipo RM, Fagnani F, Massol J, Cukierman G, Joubert JM, et al. Early non-response to certolizumab pegol in rheumatoid arthritis predicts failure to achieve low disease activity at 1 year: data from a prospective observational study. RMD Open. 2020 Jan;6(1).
16. Luo Y, Chalkou K, Yamada R, Funada S, Salanti G, Furukawa TA. Predicting the treatment response of certolizumab for individual adult patients with rheumatoid arthritis: protocol for an individual participant data meta-analysis. Syst Rev. 2020 Jun 12;9(1):140.
17. Soriano ER, Dellepiane A, Salvatierra G, Benítez CA, Salinas RG, Baruzzo C. Certolizumab pegol in a heterogeneous population of patients with moderate-to-severe rheumatoid arthritis. Future Sci OA. 2018 Apr;4(4):FSO289.
18. Winthrop KL. Infections and biologic therapy in rheumatoid arthritis: our changing understanding of risk and prevention. Rheum Dis Clin North Am. 2012 Nov;38(4):727–45.
19. Garcia Salinas RN, Lázaro MA, Scarafia S, Cusa A, Martire M V, Capozzi N, et al. Performance of the RABBIT infection risk score in an Argentinian rheumatoid arthritis cohort. Clin Rheumatol. 2021 Feb;40(2):513–9.